quarta-feira, 27 de março de 2019

Falecimento da minha mãe

Essa foto no dia da benção do Ethan, se tornou emblemática. Foi a ultima foto que tiramos com toda a família.
E graças ao Senhor, meus pais ainda tiveram a chance de conhecer seu netinho
Com a mudança para São Paulo, fui abençoada com a chance de estar perto dos meus pais. Desde julho, no dia da benção, nós nos vemos todos os meses.
Até minha mãe passar mal e ser internada com falta de ar, em outubro. Desde a internação, até o fim da sua vida, teve que fazer uso de oxigenio constante.
Fomos todos pra lá, menos a Camy, que tinha ido pra Inglaterra, e tiramos uma ultima foto juntos
Eu fiquei lá com ela, tive que ver meu pai voltar arrasado da ultima consulta com o oncologista, por que o tratamento foi encerrado, e ele deu semanas de vida a ela.
Nessa altura, o cancêr já tinha se espalhado e tinha chego aos quadris.
Num raro momento em que meu pai dormiu, eu, minha irmã e meu cunhado conversamos com ela, que tinha perdido muito da sua lucidez e capacidade, devido aos fortes medicamentos que tomava, mas que naquele momento, estava lucida. Ela chorou copiosamente, dizendo se sentir pronta para encontrar com seu Criador, com a consciência tranquila que havia feito tudo que precisava, sabendo que tinha sido obediente até o final. Seu único medo trazido pela morte, era deixar meu pai sozinho.
Nós 3 nos comprometemos a dedicar o mesmo amor e atenção que havíamos dedicado a ela, dedicar a ele.
No mesmo dia, ela passou mal, meu pai veio m e chamar, dizendo, Pri, eu acho que a mãe se foi... Pulei da cama, e no curto trajeto até o leito da cama, fiz uma rápida oração pedindo ao Senhor, clareza de pensamentos naquele momento. Ela não reagia a estimulos, e tinha uma pulsação muito fraca. Chamamos o Samu, e enquanto esperavamos, meu pai deu uma benção nela, para que se fosse a vontade do Senhor, partisse em paz.
Enquanto eu estava arrumando ela para a chegada do Samu, ela voltou a si, confusa, sem saber o que estava acontecendo. Após eu explicar, ela falou com cada um de nós individualmente, ligamos para os outros filhos, e ela se despediu de todos.
Quando o Samu chegou, eles a levaram apenas para reestabelecer seus sinais e a deixar em observação, o paramédico disse que nesse caso, não haveria nada o que fazer.
Ela recebeu alta no dia seguinte e voltou pra casa.
Recebi uma ligação, informando que tinha saído a vaga da escola para a Melissa, e após esperar e meses, voltei para São Paulo, para fazer a matricula dela, com a promessa que voltaria no feriado de  de novembro.
O Dani foi me buscar, e na noite anterior, quando fui dar o remedio da madrugada, ficamos conversando até dar a hora do primeiro remedio da manhã.
O tempo toda lucida, e falando sem dificuldades de respiração.
Ela me deu conselhos, avaliamos tudo pelo que haviamos passado juntas, compartilhamos lembranças, rimos, e ela me disse que estava feliz pela mulher e mãe que eu havia me tornado.
Quando o Dani chegou, ela começou a chorar, estava sem voz devido ao esforço em falar comigo, e gesticulava, dizendo pro Dani ir embora. Ela não queria que eu voltasse para São Paulo.
O feriado do dia 2 era numa quinta, e o Dani foi escalado para trabalhar na sexta. 
Liguei pra ela pra avisar que eu iria no proximo feriado, dia 15.
No dia 3, as meninas tinham ido dormir na casa dos avós paternos, que a essa altura também tinham se mudado para São Paulo, e eu estava saindo para ir ao mercado comprar fraldas pro Ethan quando minha irmã ligou dizendo que minha mãe estava em crise, não conseguia respirar.
Falei com ela, dizendo pra ela ficar calma, que tudo ia ficar bem, pra ela não ficar com minhocas na cabeça. Disse pra ela tentar se controlar e tentar respirar longamente, que assim ela ia conseguir voltar a respirar normalmente.
Eu precisava mesmo ir pegar as fraldas, disse que eu a amava, e pra ela ficar tranquila por que o proximo feriado era em alguns dias  e eu ia voltar pra ficar com ela. Desliguei e fui ao mercado.
Quando voltei pra casa, assim que entrei em casa meu celular começou a receber muitas mensagens. 
Meu coração disparou na hora, eu sabia o que era.
Quando minha mãe finalmente conseguiu se acalmar, partiu desse mundo, e deixou para trás toda dor e sofrimento que a doença estava causando.
Mesmo sabendo que isso estava prestes a acontecer, as vezes até pedindo que acontecesse pra não ver mais ela sofrer, descobri que nunca se está preparado para se perder a mãe.
A primeira coisa que pedi ao Dani foi uma benção, para que meu leite não secasse, e nos preparamos para ir ao funeral.
Ela sempre dizia que não queria ninguém chorando em cima do caixão dela, mas eu não conseguia reunir forças e chorei copiosamente. 
Minha irmã Gabriela conseguiu se controlar, e dar apoio pro meu pai. 
Minha mãe foi sepultada na cidade onde nasceu, São Francisco do Sul, onde ela e meu pai tinham o desejo de passar sua velhice.
Após o enterro, eu sai para mostrar um pouco da cidade pro Dani, e nossa conversa e principal preocupação eram com meu pai. Ele não chorou, apenas no momento que ela faleceu, e durante todo o serviço funebre e enterro, nada. Isso ligou um alerta em mim, que ele não estava bem, estava em choque.
Parei de chorar por ela, por que daquele momento em diante, minha preocupação era ele.
Essa foi a ultima foto que tiramos juntos, e acompanhando todas as fotos do post dá pra ver como a doença acabou com ela:

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